É preciso rever nossos valores.
Fiquei indignada porque não compareci a marcha da maconha, que não teve. Poderia ser mais uma ali no meio, fumando um cigarrinho (Carlton mesmo) na Praça do Campo Grande e esperar o tempo passar.
Como pode uma juíza de direito ir contra a Constituição Federal? E a nossa liberdade de expressão como fica? Não se trata apenas de ser a favor ou contra uma causa, mas o fato se deve que a marcha é uma manifestação como qualquer outra aonde as pessoas vão ao encontro daquilo que elas acreditam que é certo, marcham em pró da democracia. Vergonhoso ainda mais em saber que essa juíza baiana deu exemplo a outros 8 juízes em suas cidades.
O consumo da erva com moderação há anos já é permitido na Holanda, onde um usuário pode comprá-la e consumi-la num coffee shop, apenas. Além disso, a legalização traz inúmeros benefícios à sociedade como o enfraquecimento do poder paralelo, logo a diminuição da violência. Além de não expor o usuário a freqüentar uma boca só porque ele gosta de “queimar um fumo”, parte das crianças envolvidas no tráfico estariam fora dessa cadeia.
E o que vem por trás disso? A mídia, claro. A mídia é o verme mor da sociedade brasileira, a mídia ridiculariza não só nossos hábitos como nossos conceitos. A história da maconha é levianamente corrompida pelos interesses comerciais e os interessados na questão continuam cercando nossa individualidade e liberdade. Ai. O dono da Ambev e seus ricos acionistas devem ter adorado essa proibição da marcha não é mesmo?
Uma amiga minha, assistente social de uma delegacia feminina, diz que não é a favor da legalização e me conta que quase que 100% presas já apanharam do marido ou pai sobre o uso de álcool, crack e cocaína. Perguntei a ela: e aqueles maridos que só davam um ‘tapinha’? Esse não bate, me respondeu rindo. Droga não é farinha do mesmo saco, disse eu, e eu nunca vi falar de um maconheiro que virou esquizofrênico, apesar de alguns médicos baterem nessa tecla, rebato porque não tem comprovação científica alguma e conheço o ‘meio’ bastante.
Em meio de tanta hipocrisia me inteirei mais sobre o movimento pró-maconha. A marcha acontece em várias cidades de todo o mundo no mesmo dia e data, primeiro domingo de maio – quase um dia das mães. E ano que vem, embargado ou não, estarei lá. E, para os tímidos, levarei máscaras de Gilberto Gil, Bezerra da Silva, Fernando Gabeira, Sérgio Cabral Filho, Marcelo D2, Chico Buarque e, para as mulheres, Luana Piovanni.
O movimento pela legalização da maconha é, essencialmente, um movimento que luta por justiça, bem-estar social, preservação dos direitos individuais e pela paz.